quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pesquisa relaciona vício em drogas a compulsão por comida


Pesquisa publicada esta semana na edição on-line da revista Nature Neuroscience encontrou semelhança entre o mecanismo molecular que leva indivíduos ao vício em drogas e aquele que está por trás da compulsão pela comida.

Coordenado por Paul Kenny, do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida, Estados Unidos, o estudo buscou uma razão científica para uma situação já constatada na prática por pacientes obesos, que é a imensa dificuldade em abandonar o hábito de ingerir alimentos não saudáveis.

Após três anos, os pesquisadores conseguiram confirmar as propriedades “viciantes” dos alimentos ricos em calorias e altamente gordurosos.

Por meio de modelos animais, o estudo realizado por cientistas norte-americanos consegue demonstrar que o desenvolvimento da obesidade está diretamente relacionado à deterioração progressiva do equilíbrio químico em circuitos de recompensa do cérebro.

À medida que os centros de prazer do cérebro se tornavam cada vez menos sensíveis, os camundongos participantes do estudo passavam a comer mais rapidamente, chegando a fazê-lo compulsivamente. Ingerindo cada vez maior quantidade de alimentos, tornaram-se obesos. A compulsão pode ser comprovada quando os animais continuaram a comer compulsivamente, mesmo recebendo choques elétricos.

O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que nos camundongos que receberam grande quantidade de drogas como cocaína e heroína, as mesmas mudanças ocorreram em seus cérebros. Para os cientistas, a explicação está nos mecanismos neurológicos subjacentes, que exerce papel importante tanto no desenvolvimento do uso compulsivo de drogas como no consumo exagerado de altos teores de calorias e gordura.

O estudo

Para o grupo de camundongos com alimentação hipercalórica, foram oferecidos alimentos com calorias de fácil obtenção e alta gordura, tais como bacon, salsicha e doces. Rapidamente a ingestão calórica dobrou, em relação à do grupo de controle.
As preferências dos camundongos pela alimentação calórica foi tão grande, que quando ofertada a dieta normal eles já não aceitavam mais. E assim permaneceram por cerca de duas semanas, passando fome, até que finalmente voltaram a se alimentar.

De acordo com os pesquisadores, isso acontece porque o corpo se adapta às mudanças, e isso inclui as comidas saborosas, que enviam estímulos ao centro de prazer do cérebro. Superestimulados, os sistemas se adaptam diminuindo sua atividade, e exigindo mais comida saborosa para evitar a recompensa negativa.


Alimentos x drogas

Constatada a semelhança entre o comportamento frente a alimentos ou drogas, os pesquisadores passaram a investigar o receptor de dopamina D2, que exerce papel importante na vulnerabilidade à dependência química e à obesidade.

A dopamina é liberada no cérebro a partir de experiências de prazer, como comida, sexo ou drogas. Quando há abuso de drogas, como a cocaína, o fluxo de dopamina é alterado, levando a eventuais mudanças físicas na resposta do cérebro à droga. O estudo mostrou que o mesmo acontece com o vício em comida. Ou seja, o consumo exagerado leva a uma resposta neuroadaptativa nos circuitos de recompensa do cérebro, semelhante ao vício de drogas, facilitando a obesidade ou a dependência de drogas


Fonte: Site Nutritotal

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